Conhecer melhor a arte de Fotografar (1)

FOTOGRAFIA (1)

Por volta de 1954, quando era dono de um bar (Bar Paraná) Rua Paraná, 130, apareceu-me um cliente? (freguês?) que não era habitual e não queria uma dose de pinga, a bebida mais vendida na época, naquele estabelecimento...
O nisei, ainda jovem, queria vender-me uma câmara fotográfica argumentando que precisava voltar para o Paraná e não tinha dinheiro para a viagem...
Eu, que nunca tinha tido uma câmara fotográfica nas mãos e, até aos 16 anos, nunca tinha visto nenhuma na aldeia onde nasci e vivi até emigrar para o Brasil, Janeiro de 1950, mais por pena do nisei do que por vontade de ter uma câmara, comprei-a não sei por quantos cruzeiros e fiquei com a agradável sensação de ter ajudado alguém...
Completamente “analfabeto” em termos fotográficos, precisei começar a mexer nela: não sabia abri-la nem que tipo de filme usava; não sabia fazer o foco nem qual era a luminosidade da lente: o tipo de obturador, do diafragma, o anglo de visão; enfim, não sabia absolutamente nada a respeito de câmaras fotográficas...
Entretanto, devido à minha teimosia, comecei a mexer na Zenóbia, câmara japonesa (se não me engano) de fole, formato 4,5x6 cm (do negativo) cujo filme 120 dava 16 exposições. Por não entender e ter vergonha de fotografar de dia, (pois pensava que toda a gente sabia que eu não sabia fotografar) e era verdade e também por ter inclinação para as fracas luzes, comecei a fazer experiências com coisa que, nem mesmo os mais famosos fotógrafos faziam com perfeição nessa época, ou seja: comecei a fazer fotografias à noite com a luz ambiente: era “apaixonado” pelas fracas luzes e, principalmente pelos reflexos , das luzes da cidade nos paralelepípedos, quando chovia—à noite...
Naquela época, os filmes eram muito pouco sensíveis : 64-80- ou 100 asas. Portanto, devido à baixíssima velocidade do obturador (para exposições noturnas) necessitava de um tripé e um propulsor , para as fotos não saírem tremidas: como não tinha, nem um , nem outro, usava o próprio balcão do bar em noites de chuva e nas ruas, após a chuva, usava um paralelepípedo como tripé...
O resultado das experiências com esse gênero fotográfico será dado a conhecer no próximo artigo: porém foi um resultado muito surpreendente, levando em conta os poucos conhecimentos e a sensibilidade do material que chegou a ser divulgado por uma revista Norte Americana (Agosto de 1959) e uma foto como título “Noite de Chuva”, pelo Jornal Diário de São Paulo (1958)...



Manuel Joaquim Pires .......(continua)