Conhecer melhor a arte de Fotografar (6)

FOTOGRAFIA (6)

Em 1975 fundei o “Curso Prático de Fotografia” por onde passaram algumas centenas de alunos de todas as classes sociais, desde as mais humildes como: empregadas domésticas, ajudantes de pedreiros, etc...até aos mais ilustres como: médicos, dentistas, engenheiros, estudantes de cursos superiores como medicina e outros...
Do referido curso faziam parte 10 aulas: 5 teóricas e 5 práticas. Depois das aulas teóricas que eram realizadas no estúdio do Foto Lusitano (que fundei em 1967) e em outros lugares como: Associação Comercial, Clube de Cinema, etc. que tinham um espaço maior, vinham as aulas práticas que, às vezes eram divididas por grupos, devido ao excesso de alunos. As próprias aulas teóricas poderiam ser chamadas de práticas pois, quando me referia à Câmara escura (da câmara fotográfica), à velocidade do obturador, à abertura do diafragma, à luminosidade da lente, à distância focal da objetiva, etc., etc., mostrava os referidos elementos e dizia como funcionavam, quantas vezes fosse preciso, até que todos entendessem...
Das aulas práticas constavam : Fotografia Diurna, Fotografia Noturna, Fotografia no Estúdio, revelação e ampliação. Só duas aulas eram realizadas ao ar livre: Fotografia Diurna (no bosque) e Fotografia Noturna (no jardim São Bento e na Av. Sampaio Vidal).
A parte teórica do curso era apostilada e o texto gravado em fita magnética: os alunos liam e ouviam e eu, quando achava que era necessário, parava a gravação para saber se tinham entendido aquela parte: sempre havia alguém que não tinha entendido (percebido) o que aquilo queria dizer. Era então que eu explicava até à exaustão o referido assunto: só parava de mostrar e repetir quando todos tinham entendido...
O texto da introdução ao curso, diz o seguinte: O QUE É FOTOGRAIA?.. “a palavra em si-Fotografia- é de origem grega (Photos=Luz, Graphein=escrever).
Reuniram-se, portanto, ao meu modo de ver, dois altos significados em uma só palavra. E nós poderíamos dizer em nosso curso prático de fotografia que vamos escrever com luz. Sendo assim, façamos de conta que, em vez do lápis, o papel e a tinta, temos a luz, a câmara e o filme, pois sem estas três coisas essenciais, não poderemos obter de maneira nenhuma, imagens fotográficas de qualquer objeto. Na verdade, nós vemos diariamente coisas escritas com luz. A imprensa mundial utiliza imagens fotográficas para ilustrar quase tudo o que escreve. Quantas palavras seriam preciso para descrever, por exemplo, a grandiosidade de um gesto como aquele em que o Presidente Ford tem nos braços uma criança órfã de guerra e vai adotá-la, como centenas de norte-americanos fizeram?...talvez não existam palavras que descrevam satisfatoriamente uma cena dessas...
Ainda há mais vantagem de escrevermos com luz:- até os analfabetos podem “ler”, sentir e até compreender certas coisas que de outra maneira talvez fosse impossível. Portanto, não considero exagero nenhum se alguém me disser que nós “respiramos”, “comemos” e “bebemos” fotografia. Pois vivemos numa era totalmente fotográfica: se temos uma dor de dentes, de barriga, de cabeça, de estomago, etc., mandam-nos tirar, antes de nos darem os medicamentos, um “fotografia”. Se estamos em casa, vemos fotografia através da televisão.
Se vamos ao cinema, apesar dos diálogos, da música, dos ruídos, a fotografia é essencial para compreendermos a idéia que o diretor quer transmitir-nos. No comércio, na indústria, na agricultura, enfim, em toda a tecnologia e toda a ciência, a fotografia é indispensável, tanto como investigação e como informação. Quem poderia descrever, para citarmos só mais um exemplo, melhor do que as imagens fotográficas, dos primeiros passos dos astronautas norte-americanos na lua?...
Bem, vamos iniciar o curso propriamente dito, por que se fôssemos falar de fotografia e seus valores e efeitos na era atual, não dedicaríamos o tempo a mais nada, e qualquer tempo seria curto demais para descrever o alto significado da fotografia nos tempos em que vivemos.

Manuel Joaquim Pires......... (continua)