Conhecer melhor a arte de Fotografar (5)

FOTOGRAFIA (5)

Em 1967 fundei o “Foto Lusitano”, Rua 9 de Julho, 1111 –onde permaneci até ao fim de 1981...fui mais ou menos bem sucedido comercialmente mas, o meu maior interesse continuava a ser a fotografia tecnicamente perfeita e com alguma referência artística... continuei com as minhas experiências já com mais facilidade devido aos conhecimentos adquiridos quando ainda não sabia absolutamente nada a respeito de fotografia e equipamentos fotográficos...
Em 1974 fiz na Kodak em São Paulo, naquela época a maior firma do ramo no Brasil (e no mundo), um curso de impressão de fotografias a cores, pelo sistema manual: revelação de filmes em tanques de aço inoxidável ou pvc e ampliação de fotos através de ampliadores com filtros próprios para a composição de cores pelo sistema subtrativo: Magenta, Ciano e amarelo... como a esposa do nosso instrutor ficou adoentada e nós ficámos (ficamos) meio à deriva durante o curso, embora tivéssemos recebido os respectivos diplomas, resolvi não montar o laboratório e não comprar o ampliador cujo maior objetivo da Kodak era vendê-lo aos alunos...já nessa época levava para a agência de turismo de um amigo, instalada bem no
Centro de São Paulo, fotografias 50x60 cm, em preto e banco feitas em Marília para decoração do ambiente. Como o fotógrafo do “Diário Popular” resolveu mostrar algumas fotos para o nosso instrutor e demais alunos eu, que estava com um pacote de ampliações para a agência e, como o material negativo (filme) e positivo (papel) e também os reveladores tanto para o papel como para os filmes eram da Kodak, resolvi pedir uma opinião ao nosso instrutor sobre o aproveitamento do referido material e a qualidade das fotos. Disse para todos: “o português extraiu o máximo possível do material Kodak, desde a correta exposição até ao contraste perfeito”...
Entretanto, não parei de procurar mais conhecimentos a respeito do meu ramo de negócio, mesmo sendo os maiores objetivos a procura de perfeição da fotografia técnica e artística.
A parte comercial era apenas o suficiente para poder sobreviver, pagar aos funcionários e criar os filhos... era o único fotógrafo de Marília que freqüentava todos os congressos do nosso ramo (São Paulo, Rio, Ribeirão Preto, etc.) e também um dos poucos que optava pelas palestras de técnicas fotográficas em prejuízo das palestras de marketing do comércio da fotografia... era o único português fotógrafo (coisa rara no Brasil) que discutia todas as técnicas e novidade apresentadas; talvez, por isso, tenha recebido o diploma de “congressista típico” ...era habitual, durante os congressos, levarmos algumas fotos para expormos no recinto dos referidos congressos que eram avaliadas por uma comissão de profissionais e recebiam a classificação do primeiro ao terceiro lugar no vários géneros (gêneros)... eu recebi o segundo lugar no género (gênero) reportagem, em um dos congressos realizados no saudoso Hilton Hotel, em São Paulo. A fotografia foi realizada em Marília: o modelo era uma noiva dentro de um fusquinha parado á frente da Igreja que está no meio da Av. Santo António (Antônio) à espera que a chuva acalmasse para poder entrar...aproveitei e, de dentro da Igreja bem próximo à porta principal, fiz sinal para a noiva passar a mão no vidro da janela do fusca que estava embaçada de tanta chuva, pedi-lhe, com outro sinal, para aproximar o rosto ao vidro e, assim, consegui um belo retrato de noiva através de um vidro cheio de pingos de água, mas com perfeita nitidez do assunto principal...o rosto! Infelizmente não tenho nem a foto nem o negativo: queimei um arquivo de negativos acumulados há 50 anos e a fotografia também se perdeu...

Manuel Joaquim Pires ........continua