Conhecer melhor a arte de Fotografar (3)

FOTOGRAFIA (3)

Marília em Cuba!...
Como lhes havia prometido, refiro-me às 4 páginas com grandes clichês de fotos de minha autoria publicadas na revista Norte Americana “Fotografia Popular”, dedicada, conforme o próprio nome já o diz, exclusivamente à fotografia.
O título era: “FOTOGRAFIAS DE NUESTROS LECTORES” e acrescentavam: “Estas fotos nocturnas y las de las páginas seguintes, realizadas por Manuel Joaquim Pires, de Brasil, son como una versión latinoamericana de la “fotografia de noche” um tema interesante que tratará tecnicamente, em nuesta próxima edisón de Septiembre, el autor John Durniak”.
Os títulos das fotos eram: Parque: “uma enorme roda gigante em pleno movimento, instalada em frente da Igreja Santo António (Antônio)”; Faróis: “Rua Paraná esquina com a Av. Brasil (onde estava instalado o meu bar)”. Aqui, além dos efeitos dos reflexos na calçada em plena tempestade, há os efeitos dos faróis de um jipe que, ao balançar, quando atravessava a linha férria, devido ao excesso de chuva e muita neblina, misturou as luzes dos faróis e, também pelo longo tempo de exposição, os faróis ficaram do tamanho do quarteirão...talvez seja um exemplo único, na história da fotografia...; Noche de LLuvia: “o mesmo cenário, o mesmo ângulo, o mesmo tipo de iluminação, a mesma velocidade do obturador, mas sem os faróis acesos, pois não havia nenhum carro para aumentar a quantidade de luz”; mas nem por isso a fotografia tem menos valor: é tanto que foi publicada na mesma edição e em página inteira...; Estacion:- as saudades são imensas; pois é, nada mais nada menos do que uma locomotiva a vapor, lá pelas 22 horas?, na nossa estação: desta vez não chovia (a chuva faz aumentar a luminosidade, devido à reflexão) mas, as luzes da estação e do próprio comboio (trem) (janelas) refletiram-se nos trilhos e, devido à neblina, o fumo (fumaça) que saía da máquina a vapor também ficou refletida no ar...considero-a uma fotografia histórica!...
Encendiendo El Cigarro: “auto retrato”:-embora não seja fumador e nunca o fui, a loucura que tinha pelas experiências fotográficas com a mais escassa das luzes, fez-me comprar isqueiro, cigarros e pousar como modelo num disparo automático da Zenóbia (primeira câmara) que, embora simples, já tinha este recurso, (retardador de tempo) , do qual eu usei e abusei usando-me como modelo por ter receio de convidar alguém e não conseguir bons resultados, pois eram simples experiências; não tinha certeza de nada... portanto, a quantidade de “auto- retratos” não foi por ser narcisista mas pelo fascínio de resolver coisas quase impossíveis: conseguir uma focalização perfeita, (com a simples luz de um isqueiro),
regular a velocidade do obturador e a abertura do diafragma, escolher o ângulo, ligar o automático e correr para o ponto certo em questão de segundos... talvez hoje não consiga fazer isso com tanta perfeição...
A revista americana com edição em língua espanhola acabou nesse mesmo ano (1959): pois o Fidel logo chegou... entretanto, ainda houve tempo de editarem o número seguinte: Setembro de 1959, onde trataram, inspirados nas minhas fotos feitas à noite, só com a luz do ambiente... porém o autor John Durniak disparava os obturadores das mais moderna câmaras até através de rádio, quando eu, não tinha nem um tripé e a câmara era das mais simples!...


Manuel Joaquim Pires ....(continua)